
Definição
O termo alergia alimentar engloba todas as reações adversas que se produzem após ingestão de um alimento. Contudo, à medida que se foram conhecendo os
mecanismos que desencadeiam estas reacções, houve uma adaptação da terminologia a cada situação. Assim, distinguem-se claramente dois termos bem diferenciados pelo seu significado: a alergia ou hipersensibilidade alimentar caracteriza-se por uma resposta imunológica exagerada a determinados alérgenos alimentares específicos; a intolerância alimentar define-se como uma resposta fisiológica anormal, de origem não imunológica que ocorre após ingestão de um alimento.
Entre os alérgenos mais comuns incluem-se diversos alimentos como as carnes, o trigo, os ovos, o peixe e a soja.
De uma forma geral, pode afirmar-se que os alimentos mais susceptíveis de dar origem a uma alergia ou intolerância alimentar são aqueles cujo conteúdo proteico é mais elevado e que são consumidos com mais frequência.
Sintomas
Apesar das alergias e intolerâncias alimentares terem origem em mecanismos
distintos, os sintomas que produzem podem ser muito semelhantes. Estes podem surgir de forma imediata (minutos ou horas) ou tardia (horas a dias) após ingestão do alimento. Os sintomas de alergia/intolerância alimentar são principalmente de natureza cutânea e podem manifestar-se em qualquer idade à partir de alguns meses de vida. No cão, o sintoma dermatológico mais frequente é o prurido (coceira) não sazonal e eritema (pele avermelhada) generalizado. De forma secundária podem surgir infecções bacterianas recorrentes e descamação excessiva. No gato, o prurido (coceira) tende a localizar-se sobretudo na zona da cabeça (orelhas, pescoço), podendo também ser generalizado. A alopécia (falta de pelo) traumática e a dermatite miliar são também sinais comummente observados nesta espécie. Cerca de 10% dos cães e 30% dos gatos que apresentam alergia/intolerância alimentar manifestam também sinais
gastrointestinais, tais como vômitos e/ou diarreia.
Diagnóstico
O diagnóstico de uma alergia/intolerância alimentar é um processo longo e
complicado. Atualmente há testes sorológicos específicos que auxiliam muito no
diagnóstico destes processos. Funcionam como um guia para a formulação das dietas de eliminação (ou dietas hipoalergênicas).
O protocolo a seguir para o diagnóstico de uma alergia/intolerância alimentar é o seguinte:
Controlar as possíveis infecções concomitantes e descartar a presença de
parasitismo;
Prescrever uma dieta de eliminação, com base nos resultados dos testes sorológicos (marcadores de sensibilização para alimentos - AllerGen) cuja composição inclua uma fonte de carboidratos e outra de proteína negativas ao teste sorológico. Esta dieta deve manter-se pelo período mínimo de 8 semanas;
Se se observar melhoria clínica (diminuição do prurido), administra-se
novamente a dieta antiga durante 7-15 dias (dieta de provocação).
Se após o teste de provocação os sintomas voltarem a aparecer, administra-se
novamente a dieta de eliminação; a boa resposta à dieta de eliminação permite
o diagnóstico de alergia alimentar.
Existem duas alternativas de dieta de eliminação: a dieta caseira ou a dieta comercial; cada uma destas apresenta vantagens e inconvenientes que devem ser ponderados:
DIETAS CASEIRAS
Considera-se que as dietas caseiras são a melhor alternativa para o diagnóstico de alergia alimentar, contudo, a longo prazo, podem provocar carências vitamínicas no paciente. Portanto, devem ser utilizadas exclusivamente para o diagnóstico da doença e não como tratamento!
DIETAS COMERCIAIS HIPOALERGÊNICAS
Estas dietas, nutricionalmente equilibradas, incluem um número limitado de aditivos e conservantes. Existem no mercado dietas hipoalergênicas com proteína selecionada ou com proteína hidrolisada (mecanismo que permite reduzir o tamanho das proteínas, diminuindo assim a sua capacidade alérgica). Mas é importante conhecer sua composição e confrontar com os testes sorológicos: de nada adianta oferecer uma ração hipoalergênica com frango hidrolisado, se o problema para o animal for a soja que também está presente nesta ração, por exemplo.
Tratamento
O único tratamento possível consiste em evitar a ingestão do alimento diagnosticado como indutor da reação alérgica. Para isso, prescrevem-se dietas hipoalergénicas comerciais ou caseiras. Na generalidade dos casos, a melhoria é evidente após 3-4 semanas após a administração da dieta de eliminação. Contudo existem pacientes que não respondem até às 10-12 semanas.
No diagnóstico, bem como no controle da patologia é essencial que o tutor compreenda que a única forma de controlar o seu animal, é respeitar estritamente a dieta prescrita pelo veterinário. O proprietário deve ser elucidado e sensibilizado que as alergias não têm um tratamento definitivo.
No caso específico da alergia alimentar a chave é a não ingestão de alimentos
indutores da reação alérgica.
Cada vez mais, as empresas fabricantes de rações estão se especializando. A oferta de dietas hidrolisadas para cães e gatos mais diversificada é uma realidade que continua em crescimento.
Referência,:http://www.chv.pt/pt/unidades/dermatologia/alergiaalimentar/detalhe.html